(Cap. 1 – Corações flagelados.)
É doloroso assistir ao flagelo dos corações que padecem sob o peso da força bruta. Na Corinto da Antiguidade, a família do jovem Jesiel – que mais tarde se tornaria Estêvão - experimentou a rapinagem da águia romana. Seu pai, contudo, tomado pelo ressentimento, empreendeu uma desastrosa vingança contra a autoridade de Cesar, o que resultou na prisão de toda a sua família.
O primeiro capítulo de Paulo e Estevão apresenta o jovem Jesiel em ação, entabulando uma palestra comovente com o pai amargurado. O moço lembrava ao genitor que Deus “nunca é avaro de misericórdia” sendo, invariavelmente, “o Pai desvelado de todos os vencidos da Terra!”. O valoroso rapaz comenta as perdas de sua família com tranquilidade, e ainda afirma que essas “derrotas chegam e passam.”. Ao ouvir, no entanto, a dolorosa confissão do pai relativa à vingança consumada, o mancebo admoestou-o com gravidade serena: “...por que levantastes o braço vingador? Por que não esperastes a ação da justiça divina?”; “...como revelarmos dedicação ao Todo-Poderoso que está nos Céus (...) destruindo suas obras?”.
Para Jesiel, todo gesto vingativo é um “...testemunho de desconfiança para com a justiça de Deus.”. Foi patrocinando o ciclo vicioso da agressão e do revide que consolidamos nossa lamentável circunstância cármica. O estudo dos processos reencarnatórios nos descortina uma perspectiva diferente sobre a relação criminoso-vítima. Distantes da singular condição dos mártires, nossa situação é mesmo a dos devedores. Por isso, a violência que sofremos é, frequentemente, a consequência inevitável da ação, ou inação, infeliz que imprimimos no nosso passado.
Nesse capítulo Emmanuel reprova o ócio irresponsável dos espíritos levianos, ao afirmar que a “tragédia foi sempre o preço doloroso dos prazeres fáceis.”. É justificável a preocupação do bem feitor, pois, se o mal é a ausência do bem, então, o agressor que nos ofende, apenas deixa fluir uma agressividade que, se não foi semeada por nossa influência direta, o foi pela nossa omissão voluntária. Tanto o mal que fazemos, quanto o bem que deixamos de fazer, tomará a forma e a cor da crueldade que, cedo ou tarde, nos baterá à porta.
Inspirado, Jesiel sustentou a coragem dos seus, no instante da prisão, solicitando à irmã Abigal que recitasse o salmo nº 23: “Ainda que eu andasse pelo vale das sombras da morte, não temeria mal algum, porque Tu estás comigo...”. Nessa hora angustiante os credores romanos, buscando o ajuste de contas, se postaram à entrada do bucólico sítio onde a família orava. O pai Jochedeb exclamou desesperado: “Senhor! compadece-te do nosso amargurado destino!...”, enquanto o filho Jesiel afirmou confiante: “Deus nos protegerá.”.
Boa Lulu..
ResponderExcluirestou acompanhando fielmente os textos e me emociono com cada colocação...
e começarei a ler o livro novamente pra acompanhar com seus grifos...
Um grande abraço amigao... Te amo!