terça-feira, 3 de abril de 2012

O olhar de Estêvão

(Cap. V – A pregação de Estêvão)

Em um verso muito especial da canção “Bilha”, o letrista Gladston Lage abraça as dores do convertido de Damasco, falando na primeira pessoa sobre os crimes que este havia cometido contra a comunidade cristã da Primeira Hora.
“No afã de ter sucesso inaugurei perseguições, são incontáveis as ações. Foi quando eu encontrei o olhar de Estêvão."
Ah, o olhar de Estevão! Que olhar seria esse, capaz de sensibilizar, até mesmo, a consciência atormentada do implacável doutor da Lei?
O primeiro encontro, na carne, entre Estêvão e Paulo se deu na Casa do Caminho. Descrevendo a disposição de cada um, Emmanuel narra a cena seguinte:
"...o moço de Tarso notou que Estêvão se encaminhava para o interior da casa, passando-lhe rente aos ombros. Saulo sentiu-se abalado em todas as fibras do seu orgulho. Fixou-o, quase com ódio, mas o pregador correspondeu-lhe com um olhar sereno e amistoso."
A passagem suscita muitas reflexões sobre a natureza de cada “olhar”!
No curso das reencarnações nos deparamos com espíritos que cultivam uma antipatia sistemática por nós. São credores de outras existências, ou adversários gratuitos, com os quais, inevitavelmente, iremos nos deparar em algum momento da vida. E quando esse encontro acontecer? Que olhar eu endereçarei ao meu adversário? Que sentimentos ele verá em meus olhos? Fitando Estêvão, Saulo encontrou um olhar amistoso e sereno. Mas, e quanto ao meu olhar? Ele, também, é um convite à amizade e à calma?
O olhar de Estêvão para Saulo, no momento em que o rabino mais o odiava, foi a expressão pura do Evangelho testemunhado. Com espontaneidade, Estêvão exemplificou naquele momento tudo quanto havia aprendido com os manuscritos de Levi. Foi lá, nos pergaminhos entregues por Simeão Pedro, que Estêvão encontrou o meigo carpinteiro dizendo:
“A candeia do corpo é o olho. Portanto, se o teu olho for cândido, teu corpo inteiro será luminoso” (Mateus, 6:22)