quarta-feira, 22 de agosto de 2012

“...para Deus, Israel significa a humanidade inteira.”


(Cap. VI – Ante o Sinédrio)


Estêvão ante o Sinédrio, escudado pela paz incorruptível, submeteu-se aos golpes da vaidade farisáica. Ali encontrou lobos vorazes, salivando ante a placidez do cordeiro. Era o orgulho religioso, chaga aberta! Era o egoísmo vestido de púrpura! Sacerdotes e doutores da Lei, vítimas da própria empáfia, néscios dignos de compaixão.

Com desassombro, profetizou o paladino: “...para Deus, Israel significa a humanidade inteira.”. E ali, sobre o solo santo do Sião, tresloucou-se o Clero israelita, antevisão de nossas quedas lamentáveis. Sim, Israel é a humanidade interia, com seus excessos e fascínios idólatras. Israel é, por isso, a comunidade cristã em sua expressão humana.

Dirigia-se Estêvão aos religiosos de tudo o mundo. Ele falava ao coração dos crentes, indagando com a sua energia serena: “Onde guardais a fé?”. Onde temos depositado nossas convicções espirituais? Na seara santa dos sentimentos, ou no pantano dos convencionalismos? Como temos vivido nossa religiosidade? Em espírito e verdade, ou pela carne que há de perecer?

Minamos o edifício de nossa convivência com contendas estéreis, preferindo o fermento da discórdia às benécies da fraternidade cristã. Transformamos os irmãos de ideal em alvos de um zelo impiedoso que, a pretexto de resguardar as tradições, humilha e magoa. Acusamos, julgamos e condenamos aqueles que deveriamos amar. É para nós, portanto, a observação arguta de Estêvão: “Incen­tivais a revolta e quereis a paz?”

Estêvão afronta as côrtes e tronos de todas as religiões do mundo em favor da única e inquebrabtável religião, aquela que procede da boca de Deus. Falando aos israelitas, convida a humanidade, toda ela, à uma comunhão perene com o Pai. Muito ama e, por isso, desperta consciências ao questionar: “Não vos lembrais de que o Eterno não pode aceitar o louvor dos lábios quando o coração da criatura permanece dele distante?”

Aquele que vive realmente em Deus não polemiza, não fere, não agride em nome da fé. Nossa justiça deve exceder à dos farizeus que apedrejaram Estêvão. Devolvamos à poeira do mundo os calhaus do nosso rigor. Dediquemo-nos à autocrítica. Trabalhemos pela redenção de todos, policiando as nossas próprias disposições.